27 de julho de 2016

É negro,é negro, é negro!

O Porto Maravilha é negro: debaixo da atração, há milhares de ossos de escravos

by Raiz Africana
Desembarque de escravos no Cais do Valongo
Desembarque de escravos no Cais do Valongo
O Porto Maravilha esconde saberes fundamentais à costura do passado do Rio de Janeiro. Para juntar os pedaços de tecido naquela área, é necessário, primeiramente, saber onde se pisa. Em 1° de março de 2011, as obras do projeto de renovação do território portuário deixaram de ser somente um conceito moderno, que olha para o futuro. A reportagem é da "Agência Pública".
Naquele dia, por força de lei, uma equipe do Museu Nacional acompanhava as intervenções de drenagem no subsolo por escavadeiras das empreiteiras que constroem o arrojado empreendimento. Os arqueólogos já sabiam o que estava por vir à superfície da rua Barão de Tefé: o Cais do Valongo, onde centenas de milhares de escravos aportaram a partir do século 18, sobre o calçamento de pé de moleque –técnica construtiva do Brasil Colônia, com pedras arredondadas de rios acomodadas sobre a terra batida.
Os seixos irregulares estavam sob outra camada, mais à moda do Brasil Império, com conjuntos de blocos de granitos empilhados para receber, em 1843, a imperatriz Teresa Cristina, então futura esposa de dom Pedro 2º. Por cima desse revestimento, havia ainda o aterro planejado pelo prefeito Pereira Passos no início do século 20, que pôs um fim à memória do passado imperial. E escondeu também o originário holocausto brasileiro.
O Cais do Valongo foi o maior porto negreiro das Américas e, segundo o historiador Manolo Florentino, esteve em atividade nas últimas décadas do século 18 até final de 1830, ocupando uma área entre os bairros da Gamboa, da Saúde e do Santo Cristo. Nele desembarcaram mais de 700 mil escravos, vindos, sobretudo, do Congo e de Angola –pode-se dizer que o Valongo foi o ponto de convergência de 7% de todos os cerca de 10,7 milhões de escravos traficados às terras do Novo Mundo. Pelo menos mais 700 mil foram traficados para outros pontos do litoral do estado do Rio de Janeiro.
A capital, naquela época, era umas das cidades mais negras do mundo colonial. E o trecho mais agitado por essa migração compulsória era a rua do Valongo, atualmente rua Camerino. Sobre ela, como mencionado no livro "1808", do jornalista Laurentino Gomes, a viajante inglesa Maria Graham, amiga da imperatriz Leopoldina, escreveu em seu diário:
"Vi hoje o Valongo. É o mercado de escravos do Rio. Quase todas as casas desta longuíssima rua são um depósito de escravos. Passando pelas suas portas à noite, vi na maior parte delas bancos colocados rente às paredes, nos quais filas de jovens criaturas estavam sentadas, com as cabeças raspadas, os corpos macilentos, tendo na pele sinais de sarna recente. Em alguns lugares, as pobres criaturas jazem sobre tapetes, evidentemente muito fracos para sentarem-se".
Até as escavações, realizadas em 2011, o Cais do Valongo estava literalmente soterrado na memória dos cariocas. Por isso, a reportagem da "Pública" tentou averiguar como a cidade está lidando, cinco anos depois, com seu passado em meio ao processo de revitalização do porto, fundado num tempo em que pessoas se achavam superiores a outras a ponto de escravizá-las.
Para o pesquisador Rogério Jordão, cuja tese de doutorado discorreu sobre o próprio Cais do Valongo, a prefeitura se comporta de maneira paradoxal ao cuidar da memória da sofrida e pulsante Pequena África, como o artista e compositor Heitor dos Prazeres chamou aquela área no início do século 20. "É como se a prefeitura praticasse uma estranha dinâmica de lembrar esquecendo-se", diz Jordão.
Para ilustrar sua provocação, o pesquisador aponta para o Museu de Arte do Rio e Museu do Amanhã –este construído com investimento de R$ 215 milhões– ambos administrados pela Fundação Roberto Marinho e considerados símbolos do Projeto Porto Maravilha. "Estes dois museus começaram a ser construídos no mesmo período [da redescoberta do Cais do Valongo] e já estão em pleno funcionamento, enquanto os milhares de objetos de matriz africana encontrados nas obras [de escavação] ainda não estão disponíveis ao público". São peças de barro, seguis [uma espécie de conta], monjolos, búzios, louças quebradas, ocutá [pedra que atrai o Orixá], como descreve Jordão em sua tese.
A prefeitura chegou a anunciar um projeto cujo nome seria Laboratório Aberto de Arqueologia, a ser inaugurado até o fim de 2015, bem antes da Olimpíada… A ideia era que o público acompanhasse in loco o processo de recuperação das peças. Mas até agora o projeto não saiu do papel.
Hoje o destino desses achados arqueológicos é conhecido por poucos. Eles estão no Galpão da Gamboa, no sopé do morro da Providência e bem próximo à Cidade do Samba, no centro. Segundo a assessoria de imprensa da prefeitura, os objetos já foram todos catalogados e estão embalados em contêineres.
Os artefatos têm tanta importância que a arqueóloga Tânia Andrade Lima, que coordenou as escavações no início das obras do Porto Maravilha, convidou quatro religiosos de matriz africana para explicar seus diferentes significados. "Quando percebi que estávamos encontrando objetos pessoais e também objetos relacionados a práticas mágico-religiosas dos africanos escravizados, entendi que a comunidade negra deveria ser chamada a participar do trabalho. Sou eurodescendente, de formação católica, assim como grande parte da equipe de arqueólogos que trabalharam no Valongo, de tal forma que meu entendimento foi o de que esses objetos constituem uma herança que aquelas pessoas deixaram para seus descendentes, e nessa condição lhes pertencem em primeiro lugar. Eles não puderam deixar nada senão aquelas poucas peças. Foi o que restou deles", disse a antropóloga à "Pública".
Mãe Celina de Xangô, uma das convidadas, interpretou objetos pelo jogo de búzios através do qual consultava os Orixás. Hoje presidente do Centro Cultural Pequena África, ela questiona: "A coleta desses artigos foi feita em 2011 e cinco anos depois ninguém sabe como e quando eles ficarão expostos. Há um projeto do Museu da Diáspora Africana, mas sem haver nada de concreto", diz a mãe de santo do Candomblé. "É com muita tristeza que tomo conhecimento hoje que objetos tão importantes à nossa história, muitos deles pertencentes a cultos de matriz africana, estão em sacos plásticos dentro de contêineres", lamenta.
Para o historiador Manolo Florentino, deveria haver um trabalho multidisciplinar contínuo, e não apenas esforços pontuais, para desvendar os inúmeros segredos que aquela área guarda sobre a cultura negra. "Tudo que envolve o Valongo e a presença negra de uma forma geral deveria ser mais pesquisado. Esse trabalho tem um custo altíssimo e, talvez por isso, não tem sido abordado da maneira adequada tecnicamente", avalia.
Como considera que tal quadro não mudará em médio prazo, ele tem dúvidas se vai dar certo a ambição da prefeitura e do Iphan (Instituto de Patrimônio Histórico e Artístico Nacional) de obter da Unesco o reconhecimento do Cais do Valongo, da Pedra do Sal e do Cemitério dos Pretos Novos como Patrimônio da Humanidade. Os dois órgãos formaram equipes para produzir um dossiê sobre a importância dos três ícones da cultura negra local.
O documento resultante faz uma defesa enfática do Cais do Valongo logo no primeiro parágrafo: "Merece ser considerado pela Unesco patrimônio da humanidade porque é o sítio de memória da escravidão mais completo que se conhece. Ele tem importância não apenas para a história brasileira e, portanto, para a nossa vida como nação, mas também para a história do mundo". A ONU acolheu a candidatura no último dia 3 de março.
Florentino considera que a aspiração à vaga deveria suscitar mais investimentos para a cultura negra local. Membro do Trans-Atlantic Slave Trade Voyages,uma iniciativa internacional de coleta de dados sobre viagens de navios negreiros, com sede na Universidade Emory, na Geórgia, Estados Unidos, o historiador afirma que entre 1790 e 1830, cerca de 700 mil escravos desembarcaram no Cais do Valongo, fazendo dele o maior porto negreiro das Américas.
Até 1830, ano da proibição do tráfico negreiro, apenas a cidade do Rio de Janeiro –no porto antigo, no Largo de Santa Rita, e depois no Cais do Valongo– e o Cabo de Búzios foram ponto de desembarque no Estado.
Após a proibição, o número de escravos desembarcados na capital cai vertiginosamente, ao mesmo tempo que um intenso desembarque começa a ocorrer nas faixas litorâneas, como Ponta Negra, Ilha Grande, Mangaratiba e Paraty. Alguns navios mais ousados optavam pela enseada de Botafogo e a praia de Copacabana, mas em quantidade menos expressiva.
Em 1856, houve a última viagem registrada antes da abolição da escravatura, 22 anos depois. Na década de maior movimento, entre 1821 e 1830, o Cais do Valongo recebeu mais de 335 mil escravos, uma média de 33,5 mil a cada ano.

O circuito da prefeitura

Redescoberto, o Cais do Valongo traz os navios negreiros de volta ao imaginário do carioca. As águas da baía de Guanabara não batem mais àquela altura da rua Barão de Tefé, por obra do aterro feito na administração do prefeito Pereira Passos (1902-1906). No último ano de seu mandato, Passos inaugurou, na parte mais baixa do morro da Conceição, o Jardim Suspenso do Valongo, a cerca de cem metros do antigo cais. Seguiu à risca o modelo de transformação adotado em Paris no fim do século 19, excluindo as marcas do passado.
Surpreendentemente, o Jardim Suspenso do Valongo integra o denominado Circuito Histórico e Arqueológico da Celebração da Herança Africana, que, criado em 2012 pela prefeitura, reúne apenas seis pontos de interesse. "O Jardim foi algo feito sob inspiração europeia justamente para ajudar a ocultar a importância do Cais do Valongo. Isso deveria ser explicado ao visitante", afirma a historiadora Martha Abreu. Não há nenhuma menção ao fato de que, no espaço do jardim até 1831, funcionaram armazéns de venda de escravos e, posteriormente, café e outros produtos.
Bruno Bartholini/Pública
Cais do Valongo após as obras
O próprio Cais do Valongo integra, é claro, o circuito, completado pelo Cemitério dos Pretos Novos, pela Pedra do Sal, pelo Centro Cultural José Bonifácio e pelo Largo do Depósito. O deslize na montagem do circuito é um indício de que o poder público não vem cumprindo sua missão de animar o debate sobre a herança africana no porto. Placas já mal conservadas trazem um texto superficial sobre a fenda aberta no meio da calçada com as diferentes camadas do Cais do Valongo e Cais da Imperatriz.
Para Damião Braga, da Associação da Comunidade Remanescente de Quilombo da Pedra do Sal, a própria obra passou por cima de outros ancoradouros de navios negreiros. "Vi com meus olhos ancoradouros sendo cobertos na rua Coelho e Castro, próximo à praça Mauá", disse ele à "Pública".

Fonte: UOL
Raiz Africana | julho 19, 2016 às 8:35 pm | Tags: Cais do ValongoGamboaMercado de EscravoPorto MaravilhaquilomboRio de Janeiro | Categorias: História | URL: http://wp.me/pwf9Z-12j

25 de julho de 2016

Dia da Mulher Negra




Dia da Mulher Negra é comemorado em todo o País

Igualdade Racial

Data também homenageia Tereza de Benguela, líder quilombola que viveu no atual Estado de Mato Grosso
Publicado25/07/2016 11h17Última modificação25/07/2016 16h04
Foto: Marcelo Camargo/ Agência Brasil25 de Julho: celebração e reflexão sobre a luta das mulheres negras
25 de Julho: celebração e reflexão sobre a luta das mulheres negras
O Brasil celebra, nesta segunda-feira (25), o Dia Nacional da Mulher Negra. A data foi instituída pela Lei nº 12.987/2014, inspirada no Dia da Mulher Afro-Latina-Americana e Caribenha, criado, em julho de 1992, como um marco internacional da luta e resistência da mulher negra no mundo. Essa data também é o Dia Nacional de Tereza de Benguela, líder quilombola que viveu no atual Estado de Mato Grosso durante o século XVIII.
Em comemoração, serão realizadas audiências públicas, festivais, seminários, conferências e feiras, entre outras atividades, que têm por objetivo reafirmar a identidade, a história e a luta das mulheres negras brasileiras, representadas pela força e determinação de Tereza de Benguela.
A “Rainha Tereza”, como ficou conhecida, assumiu a liderança do Quilombo de Quariterê após a morte do companheiro, José Piolho, por soldados comandados pelas autoridades locais. Segundo documentos da época, o lugar abrigava mais de 100 pessoas, sendo 79 negros e 30 índios.
Números recentes do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) revelam que 71% das mulheres negras estão em ocupações precárias e informais, contra 54% das mulheres brancas e 48% dos homens brancos. O salário médio da trabalhadora negra continua sendo a metade do salário da trabalhadora branca. Mesmo quando sua escolaridade é similar à escolaridade de uma mulher branca, a diferença salarial gira em torno de 40% a mais para esta.
Um outro estudo, realizado pelo Departamento Penitenciário Nacional (Depen), em 2014, mostra que 68% da população das penitenciárias femininas do País são mulheres negras, contra 31% de mulheres brancas e 1% de indígenas. Os dados também apontam que 49% da população penitenciária feminina do País têm menos de 29 anos e 50% possui apenas o ensino fundamental incompleto.
O levantamento revela, ainda, que o Brasil ocupa a 5ª posição da lista de 20 países com maior número de mulheres presas, ficando atrás apenas dos Estados Unidos, China, Rússia e Tailândia.
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Realmente, não temos muito do que comemorar, apenas ressaltar a discrepância e a injustiça na qual encontramos as nossas irmãs negras e o quanto, ainda, temos que lutar para termos uma sociedade mais justa  e igualitária.
Axé, Dandara!
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19 de julho de 2016

Convite

Você e seus amigos estão convidados.
Compareçam!!!

Politicas-afirmativas-educação-e-a-nova-direita-brasileira-tm

Antes tarde do que nunca. À luta!


Henfil



Samba Enredo 1988 Mangueira (RJ)  
Compositor(es): Hélio Turco, Jurandir e Alvinho                                 

Cem anos de liberdade, realidade e ilusão

O negro samba, o negro joga a capoeira
ele é o rei na verde-rosa da mangueira
Será...
Que já raiou a liberdade
Ou se foi tudo ilusão
Será...
Que a Lei Áurea tão sonhada
Há tanto tempo assinada
Não foi o fim da escravidão
Hoje dentro da realidade
Onde está a liberdade
Onde está que ninguém viu
Moço
Não se esqueça que o negro também construiu
As riquezas do nosso Brasil
Pergunte ao criador
Quem pintou esta aquarela
Livre do açoite da senzala
Preso na miséria da favela
Sonhei...
Que Zumbi dos Palmares voltou
A tristeza do negro acabou
Foi uma nova redenção
Senhor...
eis a luta do bem contra o mal...contra o mal
que tanto sangue derramou
contra o preconceito raci
al
                                                           Colegas profissionais da educação, nos últimos anos, desde da implantação das cotas em universidades públicas para negros ou afro descendentes, se falar em ser negro ou admitir a existência de negros no Brasil, é  correr o risco de ser acusado de  ter um discurso racista por determinado segmento da sociedade, em especial, daqueles que possuem o poder de influenciar os outros, os tais formadores de opiniões sociais.
     Para ilustrar esse assunto comecei com duas informações  lúdicas, um cartum de Henfil dos anos setenta e o samba enredo campeão do Carnaval, da Mangueira  de 1988 – Cem anos da Abolição da Escravidão _
     Poderia colocar aqui a letra da música “Haiti” ou as fotos das últimas incursões policíais nos guetos negros, morros e favelas.
Hoje assistimos embasbacados e revoltados com  o genocídio da juventude negra,.Onde agentes da lei atiram e matam. Forjam a resistência à voz de prisão dada aos jovens negros;com o intuito de justificar a chacina.
Jovens, que se encontram numa faixa etária de onze a vinte um anos de idade.

     A pergunta que não quer se calar: O que mudou na situação social dos negros desde a abolição da escravatura?
     Desde a implatação da abolição nesse país, na qual a  maioria da população é formada por negros, a situação socio-econômica desta parte da sociedade vem sendo marginalizada e que é sempre preterida nas ações governamentais, voltadas para o social.
Haja vista, o ministério do governo Temer formado somente por: homens brancos, profissionais universitários e ricos.
     A partir da incursão na realidade deste setor de brasileiros(pobre e negro), que se viu a necessidade de melhorar  a situação desses irmãos. Mas isso tem que ser de uma só vez, não dá para ser feito escolhendo uns, em detrimentos de outros e nem esperar mais tempo. Pois,muito já se foi esperado e tantos outros já foram culpados por esta sina. Ela tem que ser quebrada, mudada e já.
    As riquezas deste país assim como as universidades públicas são criações dos trabalhadores e nada mais justo de que nos bancos  universitários públicos estejam os filhos desses trabalhadores, tão sacrificados e sacaneados pelos senhores do poder.
   O negro, em sua maioria, faz parte de um setor social mais esculhambado, esquecido e massacrado. Se faz preciso  começar  a reparação por todos os danos sócio-econômicas a ele acometidas. Essa foi, é e será sempre uma luta do movimento negro brasileiro. Pois, toda esta situação se resume numa única palavra: racismo.
    Não vamos ficar falando em pobreza e falência do ensino básico público, para mais uma vez esconder a verdadeira situação do negro na sociedade. Pois, o negro é pobre e estuda em escolas públicas. Aqui, não podemos deixar de mencionar o EJA, onde encontramos um nítido corte racial, social e classista. Negros, trabalhadores assalariados e,ou desempregados e pobres.
 Com tudo isso junto, se faz necessário uma política educacional comprometida, politicamente, com a justiça, a igualdade e a solidariedade entre os educandos e os educadores. .
    Será interessante que daqui alguns anos, tenhamos não só professores, mas também médicos, dentistas, engenheiros, advogados, agrônomos e etc  negros formados por universidades públicas, através da conquista  cotista.
Uma reparação com mais de cem anos de atraso.
     Concluindo, ser negro não é só uma questão de pele, epiderme.Mas, é ter uma  atitude política à favor de uma sociedade igualitária e mais justa.
      Axé Zumbi de Palmares!!!!!

  




C

12 de julho de 2016

Nota de falecimento da Doutora Luiza Bairros

Vitima de câncer no pulmão contra o qual lutava há meses.
Natural de Porto Alegre, era graduada em Administração Pública e de Empresas pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul além de possuir títulos de Mestre em Ciências Sociais (UFBA) e de Doutora em Sociologia (Universidade de Michigan – USA). Morava em Salvador desde 1979, onde atuou em diversos movimentos sociais, com destaque para o Movimento Negro Unificado – MNU.  Trabalhou em programas das Nações Unidas – ONU contra o racismo em 2001 e em 2005. Foi titular da Secretaria de Promoção da Igualdade Social da Bahia e Ministra-chefe da Secretaria de Políticas Públicas da Igualdade Racial do Brasil, de 2011 a 2014. Trabalhava e militava politicamente nas áreas de raça e gênero.
Para os movimentos sociais sobretudo os de mulheres e negros Luiza Bairros deixa reflexões fundamentais para compreensão e acão politica pela igualdade de gênero e raça.
Para a administração publica Luiza Bairros deixa ao Sistema Nacional de Promoção da Igualdade Racial (Sinapir) uma ferramenta que segundo ela inaugura a possibilidade de um novo ciclo das políticas de promoção da igualdade racial no Brasil visando o fortalecimento e a institucionalização de órgãos, conselhos, ouvidorias permanentes e fóruns voltados para a temática nos estados e municípios.
Luiza Bairros considerava que o Sinapir exige um esforço especial de gestores e gestoras no sentido da institucionalização dos órgãos de Promoção da Igualdade Racial (PIR). Segundo ela: “Não existe qualquer possibilidade de uma política pública ser bem-sucedida se o trabalho não for desenvolvido com os entes federados, porque é dessa maneira que se consegue que a política chegue às pessoas. Os resultados desse esforço vão depender também do empenho de governadores e prefeitos na compreensão da política de PIR.”
Fonte: CEERT/ Redação do Portal Geledés 



11 de julho de 2016

Racismo na Escola: Perspectivas de enfretamento

O coletivo Agô - Estudantes afroreligiosos e o Laboratório de Estudos Africanos (LEAFRICA) convidam a todos para uma discussão de qualidade sobre as perspectivas de enfrentamento ao racismo religioso nas escolas. Será terça-feira (19), às 14h, no IFCS (Largo de São Francisco de Paula, número 0 - Centro do Rio de Janeiro) UFRJ.
É um bom momento para se  refletir e de se tirar uma ação frente as ações discriminatórias e cerceadoras que estão  sendo vítima as religiões afro brasileiras. Os ataque  vem se sucedendo,aumentando e ficando  cada vez mais fortes. Não podemos  ficar calados, como se isso não nos atinja. Pois, o fato de  não cultuar as religiões afro brasileiras e "dá de ombros", só faz com que  aumente os ataques,  que acabarão cedo ou mais tarde limitando as nossas ações como ser humano livre e com direito à escolha.
 Mas, não devemos esquecer que isso configura  um  desrespeito aos cultos religiosos  afro brasileiros.O diferente precisa ser aceito e respeitado. A sociedade não é  e nem deve ser hegemônica em qualquer aspecto. 
Salve a diferença!
Pois, na diferença temos o fruto da criação e a propagação da diversidade.
 São mais de quatrocentos anos de cultura religiosa,
 Vamos "bater cabeça" pra elas!

6 de julho de 2016

Festa da Irmandade de Nossa Senhora da Boa Morte

            
No mês de agosto, a cidade histórica de Cachoeira, Patrimônio da Humanidade, revive a força e a ancestralidade da cultura afro, misturada ao forte sentimento de fé, com a comemoração da Festa da Irmandade da Boa Morte, que este ano começa no dia 13 e termina no dia 17. 
 Temos a história e a tradição secular de uma das maiores manifestações culturais do Recôncavo, transmitida de mãe para filha por abnegadas 23 mulheres negras.

A Irmandade da Boa Morte é uma confraria de mulheres negras e mestiças que descendem e representam a ancestralidade dos povos africanos escravizados e libertos. O trabalho escravo teve grande influência no desenvolvimento social e econômico da região.
A festa de Nossa Senhora da Boa Morte é um exemplo vivo da força e influência marcantes da cultura africana (culto afro religioso), miscigenada às tradições católicas.
O culto é mantido com muito respeito e mistério. A programação católica é composta de missas, confissões e três procissões nas principais ruas da cidade. Os rituais africanos são realizados com fé e respeito na casa da Irmandade.
A parte alegre e festiva tem samba de roda e ceias na casa da Irmandade. Hoje, a Confraria, formada exclusivamente por mulheres negras com mais de 50 anos, funciona em um conjunto de quatro sobrados do século XVIII,
A Irmandade da Boa Morte, entidade, é uma sociedade fechada, fiel zeladora das tradições, enraizadas em suas origens culturais. Ela tem como tradição em sua origem, a admissão exclusiva de mulheres idosas, negras e do candomblé em seu quadro, Fato seguido religiosamente. As irmãs mantêm a tradição distante de possíveis modificações em sua estrutura, há 235 anos.
O quadro já teve a participação de cerca de 200 mulheres e hoje reúne 23 irmãs e quatro noviças 
 Centro Cultural Irmandade da Boa Morte
 Tel: (75) 9965-6195 / (75) 9115-6091 Valmir Pereira
Endereço: Rua 13 de Maio Nº 32
Email: boamortecachoeira@gmail.com
Fonte: Prefeitura de Cachoeira/Bahiatursa 



Alimento sagrado para as religiões afro


IV Marcha Internacional Contra O Genocídio do Povo Negro

Temos que responder aos ataques que sofrem,diariamente, a população negra. Em especial os adolescentes negros, as maiores vítimas desta violência.
As batidas policiais  nas favelas, nos bairros periféricos e nas ruas principais das cidades  abordam,  sempre, os jovens negros. Assim, em geral, se dá um desfecho desfavorável pra esse  segmento social.
A contabilidade pautada nos noticiários,  comprova de que  há um extermínio da população jovem  negra. Desta forma, se faz preciso a união e uma reação  aos agentes desta  ação devastadora ,criminal e racista.
 Temos que reagir com as maneiras  possíveis e legais a essa situação calamitosa e covarde aplicada sobre a população negra. Vamos à rua denunciar.
É nós, por nós!

COB veta religiões africanas no Centro Ecumênico do Rio

COB veta religiões africanas no Centro Ecumênico do Rio





Estamos , mais uma vez, diante de uma nítida atitude racista e discriminatória . Não é somente nós, negros, que  protestamos perante a essa medida desses comitês (COI e COB), pois é preciso que todas e todos que lutam por uma sociedade igualitária e justa, se posicionem contra essa arbitrariedade. Não devemos e nem vamos calar. É racismo e discriminação ao povo negro brasileiro.É um desrespeito a todas  e todos que professam a fé nesta religião,tão emaranhada na cultura brasileira.Pois,  nem mesmo os quatro séculos de escravidão, perseguição e humilhação não conseguiram apagar a glória, a beleza e a fé nela.

 Abaixo as/os racistas!

Abaixo as/os elitista!

Todas e todos. que tentam, assim mais uma vez colocar  a cultura e a fé afro brasileira, fora da vida  brasileira, através da força. Reforço isso é uma violência.