10 de agosto de 2017

Enegrecendo o CPII - Oficinas Afrorreferenciadas

Ontem as alunas do curso de Pós-Graduação em Ensino de História da África do Colégio Pedro II realizaram várias oficinas para os alunos e alunas do campus Centro.

Material de divulgação e promoção do evento,
patrocinado pelas coordenadoras/alunas da especialização
em Ensino em História da África do CPII.

Levando muito a sério os processos didáticos de combate ao racismo nas escolas. Este projeto foi fruto de discussões ocorridas nas aulas da disciplina "Relações Étnico-Raciais no Cotidiano Escolar", ministrada pelas professoras Alessandra Pio e Carolina Medeiros.

Destinadas a alunos, professores e técnicos-administrativos do colégio, foram realizadas quatro oficinas, no dia 9/8, voltadas para a valorização e a ressignificação de elementos da cultura africana e afro-brasileira. O trabalho contou com o envolvimento, em especial, do público escolar, para a produção de novos conhecimentos e construção de novos paradigmas sobre a cultura afrorreferenciada.

Oficina de "Curtas"

Oficina de "Verbetes"

Professores que levaram alunos para participar do evento
Explicação que antecedeu Oficina de Adinkras

Material produzido na oficina de "Curtas"

Autoras e autores negros: Sarau

Aluno participando do Sarau Enegrecido

Alunos participando do Sarau Enegrecido

Professoras participando da Oficina de Verbetes

Alunos participando do Sarau Enegrecido

Alunas participando da Oficina de Adinkras

Bandeirinha de Adinkra, produzida por aluna durante a oficina

Bandeirinhas de Adinkra, produzidas por alunas durante a oficina


Parabenizamos o trabalho da professora Alessandra Pio e suas alunas: Joyce Braga, Rafaella Guaycurus, Rachel Romano, Luciana Trindade, Vanessa Lima, Beatrice Rossotti, Cris Mel, Vanessa Bells , Pérola Martins, Nathália Fernandes, Frida Martinha, Marcela Moraes. São atuações como a de vocês que nos fazem continuar na luta por uma educação mais equânime nessa e em todas as demais instituições educacionais.

Equipe, ao final do evento.




20 de julho de 2017

Formatura da III Turma do Curso de Introdução à Cultura e Mitologia Yorubá


 

Ocorreu nessa Sexta-feira, 19 de julho, a festa de formatura organizada pelos alunos dos turnos da tarde e da noite. O Salão Nobre recebeu alunos, convidados e a mesa de abertura, composta pelo magnífico senhor Reitor Oscar Halack; a Pró-reitora de Pós-Graduação, Pesquisa, Extensão e Cultura, Márcia de Oliveira; a Diretora de Extensão, Marta Yvonne; o coordenador do Núcleo de Estudos Afro-Brasileiros, Osmar Soares; e o professor idealizador do curso, Arthur Baptista.

Discurso de Abertura

O coordenador do NEAB proferiu um discurso saudando à ancestralidade, contemplada pela ementa que se ocupa da cosmovisão yorubá para mostrar como o currículo eurocentrado ignora e desvaloriza a maneira que nossos ancestrais tratavam a verdade, a vida, a religiosidade. O discurso segue abaixo:


Boa noite a todos e todas,
Em primeiro lugar, gostaria de cumprimentar os meus ancestrais divinizados como manda a tradição africana, assim como esta manda cumprimentar os mais velhos e pedir licença aos mais novos que aqui estão.
Cumprimento o Magnífico Reitor Professor Oscar Hallac, a Digníssima Pró-reitora de Pós-graduação, Pesquisa, Extensão e Cultura Professora Márcia Martins, a Digníssima Diretora de Extensão Professora Martha Yvonne de Almeida, a Digníssima Diretora Andreia Bandeira Ribeiro, o meu irmão Professor Arthur Baptista e a Professora Alessandra Pio Silva, os formandos e as formandas da III Turma do Curso de Mitologia e Cultura Yorubá.
Hoje é um dia especial. Nesta quarta feira chuvosa e fria, vocês recebem o que pode parecer uma singela certificação dos estudos em cultura africana, estudos de uma cultura consubstanciada nas tradições milenares dos povos que integram a complexa rede de culturas da Yorubalande e seus reflexos na diáspora africano-brasileira e africano-caribenha bem como em outras partes do mundo; mas mais do que apenas uma certificação, o que ocorre aqui hoje é a a materialização da contínua realização do sonho de Olodumare para com os humanos: que eles, os humanos, formados da lama de Nanã e do sopro de Oxalá, tenham cabeça, o ori formado de um ipori, plancenta advinda das águas profundas das grandes mães ancestrais, que designam ao ser humano o destino e a propiciação da descendência nas penas e escamas do procriado. Hoje vocês se certificam que o ser humano é peixe da barriga de Iemanjá, âncora e barco livre nos pensamentos da grande mãe marítima, que engloba em seu seio direito a intelectualidade e a inteligência estratégica, em seu seio esquerdo a ancestralidade que guia os pés pelo caminho dos sentimentos e das emoções, podendo ver assim que o ser humano originado na África é um ser inteiro, projetado para a inteireza, formulado nos movimentos contínuos e apaixonado das águas salgadas em sexual e profunda entrega à luz solar espasmódica que engendrou na sopa entre marés dos peixes aos répteis, dos anfíbios aos mamíferos, dos deuses maiores da Natureza orixás aos deuses um pouco menores da natureza humanos, animais, plantas, água, fogo, terra e ar.
E hoje vocês saem daqui preparados para entender que isso tudo há muito já deveria estar no cerne, no coração de nosso sistema educacional. Nós que somos mestres e doutores em sobrevivência, nós os africanos do continente e da diáspora, que que temos povoado e desenvolvido culturas em todo o planeta há pelo menos 200 mil anos, quando a primeira mulher surgiu ao sul da Etiópia, e do seu útero formou todos os seres humanos de todos os tipos, nós que somos seres de carbono e energia em interação, que carregamos o pigmento que protege o núcleo das células das agressões de qualquer intensa radiação, que trazemos na memória genética a saga de rainhas e reis, contadores de histórias e inventores, primeiros médicos da humanidade através das folhas e da meditação, e guerreiros caçadores, príncipes e legisladores, filhos de rainhas conselheiras anciãs e curandeiras sacerdotisas, nós que estamos há mais de 500 anos denominados sob a pecha de escravizados e sequestrados, aqui, na formatura deste curso, resistimos.
Resistimos não apenas ao desalento assassínio do racismo, mas a toda a máquina de desumanização e devastação da natureza montada pelos conflitos territoriais que deram ao homem europeu o sobrenome de Colonizador. Resistimos com a força de nossos ancestrais e protetores à educação eurocentrada que mata por apagamento e silenciamento as verdades históricas e profundas que trazem cada rosto e cada cabeça formulada por Ajalá um dia no Orum.
E nós, como educadores, negros e não negros, temos o privilégio, aqui neste importante espaço para a história da Educação no Brasil, Colégio Pedro II, e a honra de perpetuar o que esses mais velhos disseram em resistência fundante de toda uma civilização africano-brasileira. Nosso não é só o privilégio, mas a responsabilidade de desenvolver nos nossos estudantes o respeito ao elemento africano da humanidade, o primeiro e ancestral de todos os seres humanos. Sejamos nós africanos na diáspora e no continente, brancos e não brancos, indígenas e não indígenas, nos reportaremos sempre à África e aos seus deuses Equilíbrio, Medicina, Sabedoria, Amor, Verdade, Ancestralidade, Riqueza, Perfeição, Liberdade, Inteligência, Coletividade, Realeza, Axé, para nos tornarmos seres humanos melhores. Pois que é olhando para trás que se pode preparar o futuro da humanidade, hoje, claramente posto como um trem lotado de pobres rumo ao abismo. Construamos a ponte com o futuro, eduquemos para a liberdade e para a coletividade, para o espírito e para a ancestralidade. Tenhamos responsabilidade com o que chamamos de natureza e humanidade. Recriemos no Aye o Orum que queremos.
Esse é o nosso compromisso e a nossa direção.

Parabéns a todos e todas!

É o desejo do Núcleo de Estudos Afrobrasileiros.

Prof. Osmar Soares da Silva FIlho



26 de maio de 2017

Humaitá II: Documento dos Professores


Após os episódios de racismo ocorridos recentemente contra uma professora negra no campus Humaitá II, alguns professores se posicionaram através do documento abaixo. Eles divulgaram e assinam a nota a seguir:


Nota de repúdio

A equipe de professores do Campus Humaitá II vem por meio deste documento repudiar toda e qualquer manifestação racista, classista e misógina. 
Foi com profundo pesar que tomamos conhecimento das denúncias de ofensas raciais proferidas a uma docente por alguns alunos do 9º ano do Ensino Fundamental do turno da manhã. À colega, oferecemos nosso total apoio e solidariedade, destacando que sua presença na escola se faz indispensável como forma de resistência e luta contra a discriminação racial.
É importante ressaltar que o Brasil é um país cultural e estruturalmente racista, cuja sociedade e o Estado foram construídos sobre a escravidão. A não inclusão social dos negros após esse processo faz com que, mais de um século após a abolição da escravatura, ainda observemos, de forma desumana e criminosa, manifestações preconceituosas e segregacionistas no nosso cotidiano. 
Não é a primeira vez que episódios desse tipo acontecem no colégio. Considerando que manifestações racistas constituem crime de injúria racial, acreditamos ser indispensável a retratação das turmas envolvidas com a professora através de um pedido formal de desculpas, assim como a identificação dos alunos envolvidos nas agressões e a responsabilização legal de seus pais e responsáveis. Da mesma forma, é preciso que a comunidade escolar se posicione sobre sua própria responsabilização e dos envolvidos no caso. 
Terminamos lembrando que apenas a luta, a resistência, o debate e a apuração desse tipo de prática discriminatória e criminosa pode ajudar a fazer com que na nossa sociedade o racismo deixe de ser esse inimigo negado e velado, porém brutalmente presente e poderoso.

Equipe de Professores
Campus Humaitá II

Ana Paula Pitta – Equipe de Informática Educativa
Ana Ribas – Equipe de História
Bernardo Boelsums Barreto Sansevero – Equipe de Filosofia
Bruno Scheuenstuhl – Equipe de Geografia
Carla Silva do Nascimento – Equipe de História
Carlos Frederico M. Rodrigues – Equipe de Física
Clarissa Tagliari Santos – Equipe de Sociologia
Carolina Lima Vilela – Equipe de Geografia
Cristiane Adiala – Equipe de Geografia
Cristiano Ferreira Campos – Equipe de História
Daniel Abreu de Azevedo – Equipe de Geografia
Elisa Guimarães – Equipe de História
Érika Lourenço – Equipe de Desenho
Esther Kuperman – Equipe de História
Fernanda de Oliveira Amante – Equipe de Geografia
Filipe de Moraes Paiva – Equipe de Física
Germano Nogueira Prado – Equipe de Filosofia
Guilherme Barreto – Equipe de História
Igor Lôbo Siqueira Rodrigues – Equipe de Física
Kelly Pedrosa – Equipe de Sociologia
Jeanne Laísa Pereira de Lima – Equipe de Desenho
Leonardo Teixeira – Equipe de História
Lier Pires Ferreira – Equipe de Sociologia
Luciene Araújo – Equipe de Desenho
Marcelo Costa da Silva – Equipe de Sociologia
Maria da Conceição dos Reis Leal – Equipe de Ciências e Biologia
Milena Tiburcio – Equipe de Educação Musical
Nélio Galsky – Equipe de História
Patrícia Gomes da Silveira – Equipe de Geografia
Paula Cristina S. Menezes – Equipe de Sociologia
Roberta Martinelli e Barbosa – Equipe de História
Roberto Lucena – Equipe de História
Ronaldo F. Ayres Jr. – Equipe de Física
Soraya Sabah – Direção Geral
Stella Mendes Ferreira – Equipe de Geografia
Thiago Carlos da Silva – Intérprete de Libras
Vidal Assis Ferreira Filho – Equipe de Ciências e Biologia
Violeta David Perini – Equipe de Ciências e Biologia

15 de maio de 2017

RACISTAS NÃO PASSARÃO!




NOTA DE REPÚDIO

O Núcleo de Estudos Afro-brasileiros do Colégio Pedro II (NEAB—CP2), juntamente ao Coletivo de Negres Lélia Gonzales e com apoio da direção do Campus Humaitá II, vêm por meio desta nota REPUDIAR veementemente as posturas agressivas de membros desta comunidade escolar em relação à existência, à convivência e à dignidade de pessoas negras neste espaço. 

Chegaram a nosso conhecimento denúncias de que manifestações racistas, misóginas e classistas foram dirigidas a uma docente na semana de 08 a 12 de maio por turmas do 9º ano do turno da manhã; o que é inadmissível!

Como entidades politicamente organizadas no combate ao racismo na escola,  não admitiremos quaisquer ataques a pessoas negras, isto é, de ascendência africana ou indígena, neste que é um espaço público e institucional, e assim requemos um pedido formal de desculpas das turmas envolvidas no caso. Exigimos respeito e consideração à docente em questão bem como uma retratação por parte do corpo de responsáveis pelos estudantes que tenham feito tais comentários. 

Ressaltamos que não é a primeira vez em que neste campus acadêmico ocorrem casos parecidos. Têm sido recorrentes as denúncias e depoimentos de estudantes, funcionários e docentes negros que se sentem incomodados com tratamentos racistas como piadas, apelidos, falas, discursos que visem a silenciar, humilhar, agredir, desangenciar e segregar racialmente pessoas negras. Lembramos que racismo é CRIME inafiançável e que a autoria de manifestações dessa natureza pode ser enquadrada judicialmente, com pena prevista em lei no Código Penal Brasileiro. 

Atentamos que RACISTAS NÃO PASSARÃO por cima de nossas cabeças nem vão rasurar nossa dignidade!

27 de abril de 2017

Temos nova coordenação! Triênio 2017/2019


UBUNTU
A chapa foi única, porque somos uma única equipe, com objetivos próximos, percepções de mundo diferentes e interligadas pelo objetivo de fazermos, pela educação, um lugar melhor de se viver.
Cola com a gente! Estamos chei@s de novas ideias e projetos!!!









Professor Dr. Osmar Soares, Língua Portuguesa no campus Humaitá II.
Coordenador NeabCp2
















Professora Dra. Máxima Gonçalves, Língua Portuguesa no campus Engenho Novo II.
Vice-Coordenadora NeabCp2
















22 de abril de 2017

Chapa UBUNTU

Informamos à comunidade escolar CPII que houve uma única inscrição de candidatos à coordenação do Núcleo. Os candidatos falarão sobre suas propostas no horário que antecede a votação.


16 de abril de 2017

Novas Eleições no NeabCp2



Após a aposentadoria do último coordenador, professor Roberto Adão, o Núcleo de Estudos Afro-Brasileiros do Colégio Pedro II (Neab/CPII) irá realizar novas eleições para o cargo - biênio 2017/2018. Toda/s membro ativo do Núcleo pode votar e ser votado.

Confira o calendário da eleição:

 4 a 8 de abril - Formação da Comissão Eleitoral

10 a 14 de abril - Inscrição de candidatos (INSCRIÇÕES PRORROGADAS)
10 a 21 de abril - pelo e-mail cp2neab@gmail.com


25 de abril - às 18h - Apresentação de Proposta dos/as Candidatos/as; 
(Sala do NEAB, campus Centro)

25 de abril - de 19h às 20h - Votação 
(Sala do NEAB, campus Centro)


26 de abril - Homologação do resultado e posse da Coordenação.




Publicado Originalmente em: Sítio Oficial do Colégio Pedro II. Com alterações/inclusões.
Terça, 28 Março 2017 16:08